Existe
um indiscutível patrimônio imaterial do Club Sportivo Sergipe: Dona
Gisélia! Mas imaterial!? Sim, por suposto! Não se trata de mais uma
espécime de homo sapiens sapiens rubrus. É muito mais do que isso.
Foi
um dia chuvoso o da estreia do Gipão no campeonato brasileiro da
série D 2018. Aquele dia digno de ficar em casa tomando um cafezinho
e lendo um livro, ou fazendo qualquer outra coisa que desse na telha
– mas que fosse dentro de casa, claro. Não para Dona Gisélia e um
milhar de torcedores irredutíveis que empurraram o Vermelhinho em
mais uma partida.
Aliás,
Dona Gisélia recusou-se a sentar sob a marquise das cadeiras
vermelhas para se proteger da chuva. Sua fidelidade, diga-se, não é
feita de açúcar. Ficou no mesmo lugar onde costumeiramente assiste
aos jogos do seu grande amor, ali entre os setores 02 e 03. Confesso
que me espremi na cobertura do meio do campo – em minha defesa, uma
crise asmática ainda assolava meus pobres pulmões (juro!).
De
lá do meio da cancha, avistei uma sombrinha vermelha a proteger uma
senhorinha com sua longa saia de mesma cor. Aliás, uma bela
combinação. Seus braços vibravam como que a chacoalhar a equipe em
campo. Foi um primeiro tempo nada empolgante. O time parecia ainda de
ressaca do título estadual. Assim também pareciam a torcida, o
clima preguiçoso, a chuva que caía de mansinho... um bocejo
sincero. Mas Dona Gisélia pulava e cantava na chuva. Ouso sugerir
que Gene Kelly deveria lhe entregar o Oscar de 1952. I'm happy again!
I'm laughing at clouds! Dona Gisélia nos chamava, sorrindo, para a
chuva. Ai, meus pulmões que me sabotam! Após o intervalo, o
chuvisco cessou e fui me juntar a ela.
O
Gipão melhorou um pouquinho no segundo tempo. No entanto, não o
bastante para abrir o marcador. A equipe arapiraquense (leia devagar,
pausadamente), por sua vez, fez um show de “cera”: atirava-se ao
chão, encenava lesões, demorava a repor a bola ao jogo. Um
verdadeiro dramalhão mexicano – não foram sequer indicados ao
Oscar. E acabou. Um zero a zero com pouca emoção. Há dias assim.
Fazer o quê?
Ou
melhor, Dona Gisélia venceu! 1x0! 2x0! 3x0! 4x0! Enfim, seus gols
tendem ao infinito. O garoto do placar ficaria uma eternidade mudando
os números. Imagina uma crônica sem fim! Uma coisa é certa e
precisa: Dona Gisélia nunca nos decepciona!
Por Gustavo Tenório
Perfeito, Dona Gisélia mostra pra nós mais novos o que de fato é torcer! Apoia incondicionalmente o time mesmo nos momentos ruins! Me orgulho de torcer pelo Mais querido e de viver na mesma época que torcedores assim!
ResponderExcluirDona Gisélia Guerreira Colorada !!#Emocionante 🇲🇨
ResponderExcluirParabéns ao Gustavo Tenório, pela belíssima e merecida crônica.
ResponderExcluirDona Gisélia merece todas as homenagens e respeito de todos os colorados.
Guga, parabéns por esse seu olhar poético. Dona Gisélia é mais que uma torcedora, como bem disse você.
ResponderExcluir👏🏼👏🏼👏🏼
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