quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A Epopeia Rubra continua: 110 anos de Club Sportivo Sergipe


Das águas que banham a cidade aos campos que cativam o estado, um gigante atravessa o tempo presente nos mais variados cenários da nossa história. Como um ancião que preserva os contos da vida de um povo ou um jovem que se atreve a se aventurar pela longa trilha a sua frente, o Club Sportivo Sergipe chega aos seus 110 anos como um glorioso patrimônio da nossa gente, mas com a necessidade de mais uma vez se reinventar. 
Por Davi Tenório 


Foto obtida do Acervo do ex-jogador Delmar

Houve um tempo em que não se havia tempo para bobagens como o “sport”. Para grande parcela da população (até hoje) era preciso desde cedo trabalhar. Foi justamente nesse cenário do início do século passado que o nosso Club foi fundado, por jovens rapazes de famílias ligadas ao comércio da cidade. No entanto, o Sergipe transcendeu a esse fato. A adoção do futebol geraria uma das maiores revoluções na história do clube e no cotidiano da cidade.

terça-feira, 2 de julho de 2019

“Cinquentanos do Batistão” – O Estádio de Aracaju: o antigo palco principal do futebol da cidade demolido para a construção do Batistão

Por Davi Tenório


            No mês que comemoramos o “cinquentanos” do Batistão, o Almanaque do Gipão inicia uma série de postagens sobre a história do Colosso da Praia e sua relação com o Club do Povo. Nosso pontapé inicial é dado com uma breve história sobre o palco antecessor ao Templo Maior do futebol sergipano, erguido e demolido no mesmo local do estádio aniversariante.

O grande público que encheu o estádio para acompanhar a partida entre o Sergipe e o Vasco da Gama-RJ

            A cidade de Aracaju é uma verdadeira metamorfose geográfica. Há atualmente poucos resquícios dos vastos mangues, restingas e dunas que dominavam a paisagem da cidade. O aracajuano mais jovem que passa pela avenida Pedro Valadares não imagina que há três décadas o pequeno mangue do Tramandaí se estendia pela vasta área dominada pelos condomínios nobres da região, que despejam seus esgotos na espremida área de preservação ambiental. Esse mesmo jovem também mal sabe que a poucos metros, havia uma área predominada por dunas e restingas, na qual era comum encontrar uma pequeno arbusto que batizava a região conhecida como Gragerú. Tão pouco os mais velhos recordam que em Aracaju, há mais de cinco décadas, era preciso passar pela antiga rua do “Caga em Pé” (atual Campo do Brito)[1], atentos ao caminho repleto de Cansanção, para chegar ao principal estádio de futebol. No entanto, não havia nada parecido com o atual estádio, nem mesmo o seu nome. Tratava-se do Estádio de Aracaju. 

domingo, 9 de junho de 2019

EM QUE PONTO PARAMOS?


Por Gustavo Tenório

Mais um ano e nada muda: campeonato sergipano em seu revezamento de sucesso e de tragédia (desta vez, uma tragédia anunciada); copa do nordeste com uma única vitória em meio a um sem fim de derrotas vexatórias; copa do Brasil e a eliminação relâmpago de sempre; e a velha ilusão de um acesso no campeonato brasileiro da série D, em que sequer passamos da primeira fase. Já viu esse filme? Eu já. A torcida rubra também já. Ano após ano, uma sina insistente, interminável: a estagnação na inferioridade.

(Foto: Wendell Rezende/Mandacaru)

quarta-feira, 5 de junho de 2019

O protagonismo rubro para além de um século

Por Davi Tenório


            Uma instituição que atravessa 110 anos exercendo relevante papel sócio-cultural jamais morrerá. Há mais de um século, o Club Sportivo Sergipe presencia as diversas manifestações do cotidiano do nosso estado, seja na esfera esportiva, na social, na cultural e na política. O Sergipe não esteve em uma posição passiva: foi pioneiro e atuante, moldando-se e ligando-se às novidades e às necessidades de cada período histórico. Esta característica, mais do que nunca, deve ser posta em ação no difícil presente, observando e, sobretudo, respeitando os exemplos da sua grande história.

(Foto: Davi Tenório)

           
Em uma época na qual a pacata província se deparava com as instigantes novidades vindas de fora, jovens idealistas sonharam com a implementação de uma cultura social e esportiva vista nos grandes centros do país, porém com uma identidade genuinamente sergipana. A princípio, lançaram-se sobre as águas do rio que não só nos banha, mas que batiza os filhos desta terra. Nesta fase, ainda havia muito caminho a ser percorrido, além de barreiras a serem ultrapassadas. Uma instituição que almeja ser longeva e inserida na sociedade precisa se abrir a ela. Assim, esses jovens visionários cederam aos apelos de um esporte que se popularizava em campos improvisados da cidade. Já no primeiro contato com o futebol, contamos com a bravura e o talento de nomes como Roque, atleta negro e simples “contínuo” (o “office-boy” dos nossos tempos) do Banco do Brasil, que nos honrou não só com o primeiro gol da História Rubra, mas como nosso primeiro ídolo e artilheiro[1] [2].

sexta-feira, 10 de maio de 2019

O SERGIPE É DO MUNDÃO! O SERGIPE É DO POVÃO!



Por Gustavo Tenório

Da Rua da Frente para o Aribé. O Club Sportivo Sergipe, como bem sabemos, nasceu diante do rio que lhe deu o nome – bem como ao estado. A razão foi prática: nossa cancha primeira foram as águas do Rio dos Siris, onde a Nereida singrava em pelejas náuticas contra o Esporte Clube Cotinguiba. Hoje nossa casa está mais a oeste.
O Campeão do Povo

Na década de 1970, mudamos para os braços do povo, onde as ruas e as avenidas nos fazem recordar das aulas de geografia brasileira. Fomos para a Avenida Rio de Janeiro, no Siqueira Campos, o eterno Aribé. A transação imobiliária de nossa sede na Rua da Frente se fez bastante obscura. O valor não se sabe com precisão. O destino do dinheiro, tampouco. Um mistério digno de investigação e de relato pormenorizado num livro. “A lenda do tesouro perdido”, se me permitem o clichê.

Guardada a polêmica da venda da sede, fincar as nossas raízes no Siqueira foi um grande presente do destino. Ou melhor, do Sr. João Hora de Oliveira. Estar mais próximo da massa e tê-la assídua no João Hora foi um grande trunfo para obtermos tamanho número de torcedores. E, daí, nossas raízes se irradiaram para toda a cidade.
Em cada rua de Ará, há um colorado. Mas todas as ruas, todas as avenidas, dão no Mundão do Siqueira. É lá o delta da nação colorada. É a casa, o ninho, o quartel general. É onde ficamos mais perto de nossos ídolos. É onde nascem os grandes heróis: Henágio, Ricardo, Elenilson, Lêniton, Joãozinho, Thiego, outros e tantos outros eternos.
E quem ergueu a nossa casa fomos nós mesmos. Levamos pedras, cimento e nossas mãos, hoje marcadas em um dos muros do estádio, mas sempre presentes durante toda a história e para o sempre. O Sergipe é do povo e para o povo. E como diria o grande Diabinho, “o Sergipe é do povão”!

domingo, 31 de março de 2019

Relembrar para não repetir: Golpe Militar perseguiu colorados em Sergipe

Título de Sócio-Proprietário do Sergipe de Pedro Hilário dos Santos. Datado de 1963. ((Foto Aline Passos/Facebook/Reprodução))
                                                                                                            Por Milton Filho

 Há 55 anos atrás um golpe de estado manchava a história do Brasil. Com ele, trouxe um regime que perdurou por mais de duas décadas com perseguições na vida política, social e esportiva do estado de Sergipe. Acontece que como já está explícito nos versos de seu hino, o Club Sportivo Sergipe sempre esteve no esporte, na história, nas pelejas de terra e mar. Não somente no futebol e no remo, mas também com a coragem de torcedores que mostraram o nosso orgulho perante o Brasil.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Revista Gigante Rubro - 1977

Saudações rubras! O Almanaque do Gipão finalmente irá compartilhar com a grande massa colorada uma incrível relíquia do torcedor Luiz Alves, de 34 anos e natural de Aracaju. Na verdade, são sete relíquias incríveis que ele herdou de seu saudoso avô, o Senhor Francisco Alves Rocha, um grande torcedor apaixonado pelo nosso Gipão! Trata-se dos fascículos do "carnet" (como era a grafia da época) do Gigante Rubro, todos do ano de 1977. 


Exemplares das revistas Gigante Rubro do acervo de Luiz Alvez, herança do seu avô Senhor Francisco Alves Rocha

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Clássicos que deixaram saudades: o Sergipe frente aos antigos clubes de Aracaju (Parte II: Sergipe x Vasco).


Sergipe x Vasco E.C.: o esquecido “clássico” de Aracaju e um dirigente histórico em comum

Por Davi Tenório

            Quem passa pela avenida Antônio Cabral, próxima ao Mercado Municipal de Aracaju, pouco reconhece a existência de um antigo clube da cidade, o qual marcou época nos bailes de carnaval, mais populares que os do Iate e do Cotinguiba, nas competições de basquete, vôlei e, principalmente, futebol. Trata-se do saudoso Vasco Esporte Clube, fundado no dia 15 de agosto de 1931 por comerciários da cidade, em meio a onda de surgimento de novos clubes na capital.
Sergipe x Vasco E.C. no ano de 1979.
            O cruzmaltino aracajuano estreou no principal campeonato de futebol do estado no ano de 1932, justamente em uma época em que o futebol sergipano vivia a hegemonia do Club Sportivo Sergipe, o qual estava em processo de conquistar seu primeiro hexacampeonato, além de já obter a preferência os amantes do futebol, ostentando, assim, o apelido de “O Mais Querido” (Jornal A Républica, edição 30.11.1932). Já no início de suas atividades, o novato clube já demonstrava a ambição de figurar entre os grandes do estado, ao ser vice-campeão nos anos de 1932 e 1933, em finais disputadas justamente com o Sergipe. No entanto, a transformação de um clube pequeno para uma das forças do futebol sergipano apenas ocorreu com o surgimento de um dos maiores desportistas sergipanos na presidência do Vasco no ano de 1943: Robério Garcia, que havia revolucionado o futebol da cidade de Laranjeiras (VIANA FILHO, Francisco. Crônica Esportiva. p. 40).

sábado, 12 de janeiro de 2019

Clássicos que deixaram saudades: o Sergipe frente aos antigos clubes de Aracaju (Parte I: Clássico Vovô).

O Almanaque do Gipão inicia uma série sobre os antigos duelos envolvendo o Sergipe e os clubes de Aracaju que há muito tempo não atuam nos gramados.

Por Davi Tenório

“Esse jogo não é um a um
(se o meu clube perder é zum-zum-zum)”
Edgar Ferreira

O futebol, assim como toda arte, apresenta variados personagens e diversas manifestações. Dentro deste ambiente plural, é comum que haja figuras protagonistas que despertem e disputem as paixões de quem se envolve com o espetáculo. Quando a disputa ganha espaço cativo no imaginário do torcedor e na história do esporte passamos a denominá-la de clássico. A paixão envolvida nesses duelos é bem visível nos versos de Edgar Ferreira, eternizada na voz de Jackson do Pandeiro, o qual demonstra com perfeição a carga de um clássico futebolístico.
Há clássicos que mantém a sua regular periodicidade, atravessando gerações e pulsando o sangue dos torcedores. Por outro lado, há clássicos que, por diversos motivos, não acompanham as metamorfoses oriundas do decurso do tempo, mas nem por isso perdem seu “status”. Um clássico nunca morre. Sendo assim, aproveitamos para relembrar a história dos antigos clássicos envolvendo o C.S.Sergipe e as tradicionais agremiações aracajuanas que há muito não desfilam pelos gramados sergipanos.


As primeiras equipes de futebol do Sergipe e do Cotinguiba.


O Clássico Vovô

Se algum aracajuano pudesse retornar ao passado, mais precisamente no início do século XX, provavelmente poderia se surpreender com uma multidão aglomerada na Rua da Frente assistindo atenciosamente as regatas disputadas no principal rio que banha esta cidade. Também poderia ouvir dos desportistas e dos espectadores discordâncias quanto ao seu verdadeiro nome. Talvez mal saberia este viajante do tempo que estaria diante do mais antigo clássico do esporte sergipano, o qual teve como primeiro embate a discordância em relação ao nome do primeiro clube organizado em base sólidas no nosso estado, o Cotinguiba Sport Club, fundado no dia 10 de outubro de 1909 no suntuoso salão do Hotel Brasil, com as cores azul e branco (VIANA FILHO, Francisco. Crônica Esportiva. p. 195). Acontece que um grupo de fundadores não se conformaram com o nome dado à agremiação, e assim resolveram fundar outro clube batizado de Club Sportivo Sergipe, no dia 17 de outubro de 1909, na sede da Associação Comercial, com as cores vermelho e  branco.
Há aqueles que rechaçam essa versão da origem do mais antigo clássico sergipano, preferem adotar a versão “mais lógica”, a qual se resume na necessidade de outro clube desportivo para disputar com o “Decano da Fundição”. Mas, se a própria história da fundação da antiga Roma Clássica é compatível com a narrativa lúdica das crianças amamentadas por uma loba, porque nós sergipanos não poderíamos ter a nossa própria versão lendária?

Zé Pequeno: o Príncipe do Futebol Sergipano

  Por Davi Tenório Zé Pequeno, o Príncipe do Futebol Sergipano. 1967. No dia 13 de julho de 2023 o futebol sergipano perdeu um dos seus ...