domingo, 22 de abril de 2018

No início menosprezado, no desfecho celebrado. O primeiro passo para o Hexa.



No embalo da conquista do Campeonato Sergipano do Centenário, o Almanaque do Gipão relembra uma das mais marcantes conquistas dO Mais Querido: o Estadual de 1991, o primeiro da série do Hexa.




Épocas de vacas magras não são incomuns nos grandes clubes do futebol brasileiro. O Club Sportivo Sergipe em sua história centenária não fugiu dessa risca. Durante o final da década de 1980, o Vermelhinho não apresentava uma situação que favorecesse grandes investimentos em contratações badaladas, o que fez os seus dirigentes priorizassem as categorias de base do clube. A fórmula por pouco não resultou na conquista do campeonato de 1988, para alguns não alcançada devido à lesão da revelação Baianinho na reta final do certame. No ano seguinte, com a base de jovens atletas liderada pelo experiente artilheiro Celso Mendes, o Sergipe levantou a taça de campeão de 1989.
Muitos acreditavam que o primoroso trabalho de base, sob os devidos cuidados do saudoso Geraldo Oliveira, encaixaria a sequência no ano seguinte. Infelizmente, as ambições coloradas não foram concretizadas, ao passo de pairar novamente dúvidas e descrenças no Mundão do João Hora. Com o maior rival despontando como favorito ao bicampeonato, o Sergipe realizou uma tímida preparação para o Sergipano de 1991, acreditando mais uma vez na manutenção das jovens promessas. Apesar da empolgante goleada por 5 a 0 sobre o União de Propriá na estreia, o time comandado pelo técnico Mitermayer Chagas não venceu o primeiro turno e o quadrangular do estadual, os quais foram vencidos pela equipe do Bairro Industrial, e após uma derrota para o Lagarto, a crise se intensificou no João Hora, a qual culminou na queda do treinador.


Mitermayer foi o técnico no início da temporada.
A dupla Geraldão e Ribeiro Neto.


















Sem perder tempo, a diretoria rubra anunciou a contratação de Ribeiro Neto para a vaga de treinador do clube. O Popó da Gávea já era um conhecido cronista esportivo em Aracaju, com experiência à beira do gramado – conquistou o campeonato de 1983 após assumir a vaga de Nereu Pinheiro no comando azulino. O novo técnico colorado tinha a difícil missão de melhorar o desempenho técnico do time e a harmonia do elenco, desgastada após o afastamento de alguns titulares. Motivador nato, Ribeiro Neto estreou com vitória em cima do Olímpico de Itabaianinha e, em seguida, emendou mais duas vitórias em clássicos contra o Confiança e o Itabaiana, com a equipe demonstrando um futebol mais aguerrido e coeso. Na última rodada, o Mais Querido precisava de uma simples vitória diante do fraco Amadense para conquistar o título do 2º turno, mas, o Vermelhinho que terminara o 1º tempo vencendo por 2 a 0, acabou derrotado após uma inesperada virada do time de Tobias Barreto. Com isso, o Confiança conquistou mais um turno da competição, o que garantiu mais pontos de vantagens para a fase final da competição.


Elenco colorado do ano de 1991.

A derrota para o Amadense, e consequentemente a perda do título do 2º turno para seu maior rival, foi um grande balde de água fria no elenco. Felizmente, os jogadores contaram com o forte trabalho psicológico do seu treinador, que soube empurrar a equipe para a conquista do hexagonal. O confuso regulamento da competição previa que uma simples vitória azulina, ou dois empates, asseguraria o seu bicampeonato por ter obtido mais pontos com as conquistas dos turnos. Por outro lado, o Sergipe precisava, no mínimo, de uma vitória e um empate para forçar uma disputa de “melhor de três” para levantar o caneco. Na primeira partida, o grande clássico terminou empatado com o artilheiro Rocha marcando para os rubros. Já no segundo jogo, a perda do título parecia inevitável, até que aos 35 minutos do 2º tempo, Tuíca acertou um belo chute de fora da área que garantiu a vitória e reacendeu as esperanças da massa colorada para os novos confrontos.

Leniton e Valdeci comemoram a importante vitória no clássico que reacendeu a luta pelo título.
Apesar dos desfalques de Elenilson, Leniton e Valdeci, o Sergipe largou bem na “disputa de três” ao vencer o primeiro duelo por 1 a 0 – gol marcado pelo artilheiro Rocha. Com esse resultado, bastaria apenas uma vitória para garantir o título do Campeonato Sergipano, o que aconteceu no domingo, 9 de dezembro de 1991, quando o camisa 11 Leniton marcou o gol da vitória e do grito de “campeão”, que seria constantemente entoado pela massa colorada nos próximos anos. Por fim, vale destacar a artilharia da competição dividida entre a dupla Elenilson e Leniton, sendo o primeiro eleito o craque da competição.


Festa da massa colorada. Cena que passou a ser corriqueira ao longo da década de 1990.
Por Davi Tenório

Fontes:
A Gazeta de Sergipe, edições de 19/03, 23/07, 18/08, 16/11, 26/11, 30/11, 10/12 e 12/12/1991;

Jornal de Sergipe, edições de 01/12, 03/12 e 11/12/1991;
ENTREVISTA COM O EX-JOGADOR RIBEIRO NETO. Disponível em: <http://itabi.infonet.com.br/fsf/images/arquivo/entrevistas/entrevista_ribeiro_neto.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2018.
1991: O ano da virada, do gol salvador de Tuíca e da arrancada para o hexa. UOL. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/se/sergipe-hexa-20-anos/noticia/2016/01/1991-o-ano-da-virada-do-gol-salvador-de-tuica-e-da-arrancada-para-o-hexa.html>. Acesso em: 21 abr. 2018.

Sergipe State Championship - List of Topscorers. Disponível em: <http://www.rsssfbrasil.com/tablessz/setops.htm>. Acesso em: 21 abr. 2018.


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