Por Ygor Melo
Sergipe 0x0 Penedense. No segundo de dois amistosos contra o Penedense (o primeiro em Penedo-AL e o segundo no João Hora), o Mais Querido não balançou as redes, demonstrou um tímido arranjo defensivo (pelo menos no JH) e não animou a sua torcida nem para o jogo contra o ASA de Arapiraca no próximo sábado, pela pré-Copa do Nordeste, e muito menos para a temporada que se aproxima. O ano do Sergipe começou, mas não há nada com o que se empolgar. O ano de 2025, que considero que se inicia com os amistosos de pré-temporada, não promete, nem de perto, a redenção que a massa colorada tanto aguarda. Mas, que redenção exatamente seria essa?
Lance do amistoso entre Sergipe e Penedense no João Hora. Dez. 2024. Foto: Divulgação CSS |
O
Sergipe parece viver preso já há muitos anos em um looping sem fim. Tal qual o
Ouroboros, ou a serpente circular que come o próprio rabo, o vermelhinho
aparenta viver eternamente no mesmo ciclo. A decepção com a temporada de 2024
encontrou eco com, pelo menos, os últimos vinte anos do time do Siqueira
Campos. Desde que encerrou os "longos anos 90", criador de muitos
colorados nos quatro cantos do nosso estado, o Sergipe parece passar por um
apagão com tempo indefinido. Nesses vinte anos de sofrimento estão inclusos os
dez anos sem títulos estaduais, a ausência de campanhas minimamente decentes
nos campeonatos nacionais e a ascensão do rival. Duro demais para cada torcedor
alvirrubro, principalmente aquele que viu o hexa nos já distantes anos 90.
Se
um torcedor do Sergipe da última década do século XX entrasse em uma máquina do
tempo e desembarcasse nesses últimos dias de 2024, não acreditaria no que se
passa com o clube e com sua história recente. "Como assim o meu time, que
enfileirou seis títulos seguidos, no presente século tem menos campeonatos
ganhos que o rival?" ou "Como o time que foi 6º lugar em uma Série B
não consegue se impor contra equipes como Penedense, Juazeirense e
Petrolina?", entre outros questionamentos que poderiam aparecer para esse
viajante no tempo.
A
redenção, para cada filho da terra sergipana que carrega com orgulho as cores
vermelha e branca, não será alcançada com mais um título estadual, nem mesmo se
os louros forem em cima do tradicional rival. Campanhas decentes e, por
ventura, até mesmo um acesso para a Série C ajudariam a reescutar os batimentos
daquele que alguns já julgam estar morto, porém não seriam suficientes para
ressuscitar o gigante adormecido. O Club Sportivo Sergipe precisa conversar com
a sua história, não para se agarrar ao passado e esquecer de construir o
futuro, mas para lembrá-lo de que é a maior agremiação esportiva deste estado e
que só retornará aos tempos áureos quando a mentalidade daqueles que o dirigem
voltar a estar alinhada a essa verdade. Não devemos viver à sombra de outros
clubes, assistindo de camarote o seu sucesso, não podemos cruzar os braços ao
sermos eliminados três anos seguidos em fase de grupos da Série D, não
suportamos não jogar absolutamente nada contra equipes que não têm metade da
nossa história! O processo que o Sergipe precisa percorrer começa,
invariavelmente, pelo pensamento; só a partir daí, a redenção pode começar a
ser enxergada no retrovisor do torcedor colorado.
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