quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

EM BUSCA DA REDENÇÃO COLORADA

Por Ygor Melo


Sergipe 0x0 Penedense. No segundo de dois amistosos contra o Penedense (o primeiro em Penedo-AL e o segundo no João Hora), o Mais Querido não balançou as redes, demonstrou um tímido arranjo defensivo (pelo menos no JH) e não animou a sua torcida nem para o jogo contra o ASA de Arapiraca no próximo sábado, pela pré-Copa do Nordeste, e muito menos para a temporada que se aproxima. O ano do Sergipe começou, mas não há nada com o que se empolgar. O ano de 2025, que considero que se inicia com os amistosos de pré-temporada, não promete, nem de perto, a redenção que a massa colorada tanto aguarda. Mas, que redenção exatamente seria essa?

Lance do amistoso entre Sergipe e Penedense no João Hora. Dez. 2024. Foto: Divulgação CSS


O Sergipe parece viver preso já há muitos anos em um looping sem fim. Tal qual o Ouroboros, ou a serpente circular que come o próprio rabo, o vermelhinho aparenta viver eternamente no mesmo ciclo. A decepção com a temporada de 2024 encontrou eco com, pelo menos, os últimos vinte anos do time do Siqueira Campos. Desde que encerrou os "longos anos 90", criador de muitos colorados nos quatro cantos do nosso estado, o Sergipe parece passar por um apagão com tempo indefinido. Nesses vinte anos de sofrimento estão inclusos os dez anos sem títulos estaduais, a ausência de campanhas minimamente decentes nos campeonatos nacionais e a ascensão do rival. Duro demais para cada torcedor alvirrubro, principalmente aquele que viu o hexa nos já distantes anos 90.

Se um torcedor do Sergipe da última década do século XX entrasse em uma máquina do tempo e desembarcasse nesses últimos dias de 2024, não acreditaria no que se passa com o clube e com sua história recente. "Como assim o meu time, que enfileirou seis títulos seguidos, no presente século tem menos campeonatos ganhos que o rival?" ou "Como o time que foi 6º lugar em uma Série B não consegue se impor contra equipes como Penedense, Juazeirense e Petrolina?", entre outros questionamentos que poderiam aparecer para esse viajante no tempo.

A redenção, para cada filho da terra sergipana que carrega com orgulho as cores vermelha e branca, não será alcançada com mais um título estadual, nem mesmo se os louros forem em cima do tradicional rival. Campanhas decentes e, por ventura, até mesmo um acesso para a Série C ajudariam a reescutar os batimentos daquele que alguns já julgam estar morto, porém não seriam suficientes para ressuscitar o gigante adormecido. O Club Sportivo Sergipe precisa conversar com a sua história, não para se agarrar ao passado e esquecer de construir o futuro, mas para lembrá-lo de que é a maior agremiação esportiva deste estado e que só retornará aos tempos áureos quando a mentalidade daqueles que o dirigem voltar a estar alinhada a essa verdade. Não devemos viver à sombra de outros clubes, assistindo de camarote o seu sucesso, não podemos cruzar os braços ao sermos eliminados três anos seguidos em fase de grupos da Série D, não suportamos não jogar absolutamente nada contra equipes que não têm metade da nossa história! O processo que o Sergipe precisa percorrer começa, invariavelmente, pelo pensamento; só a partir daí, a redenção pode começar a ser enxergada no retrovisor do torcedor colorado.

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