No dia 30 de julho de 2000, Sergipe e Lagartense se
enfrentaram em busca da Taça Estado de Sergipe, equivalente ao 2º turno do
estadual daquele ano. As duas equipes haviam empatado por 0 a 0 na primeira
partida ocorrida na cidade de Lagarto. O vencedor não só garantiria uma vaga na
grande decisão do Campeonato Sergipano, como também levaria vantagem na
finalíssima.
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Aílton marcou o polêmico gol para o Sergipe (Foto: Edinah Mary) |
Por Davi Tenório
A diretoria rubra havia instigado a massa colorada com ingressos com preços reduzidos, com apenas R$2,00 o torcedor rubro garantia seu lugar no João Hora, algo inimaginável nos dias atuais em que o futebol se tornou uma “brincadeira cara”. Além disso, a torcida do Lagartense prometia invadir o Batistão com onze ônibus saindo do interior rumo ao Mundão do Siqueira. Tudo indicava um grande espetáculo para aquela tarde de domingo.
O jogo começou com os rubros jogando a todo o vapor, logo
aos 7 minutos, Sidney abriu o placar para o Vermelhinho, o qual passou a
dominar o restante da partida, exceto por algumas investidas do Lagartense, que
não foram capazes para estufar as redes defendidas pelo goleiro Aloísio. Era
questão de tempo para o segundo gol do Sergipe, até que aos 32 minutos da etapa
complementar, Nilson foi lançado em profundidade, enquanto a zaga do Lagartense
parou pedindo impedimento, e finalizou para a defesa do goleiro Gilberto, mas
no rebote Ailton chutou para o gol colorado.
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(Foto: Edinah Mary) |
A partir daí iniciou um grande tumulto em campo. Incoformados,
os jogadores do Lagartense alegaram que a bola não havia entrado no gol (as
imagens da TV haviam provado que a bola havia entrado, antes do goleiro
Gilberto de forma desesperada ter a tirado de dentro da meta), assim como apontaram
impedimentos no lance da finalização de Nilson e no chute Aílton. Mesmo assim,
o árbitro Antônio Hora Filho confirmou o gol do Sergipe, para a fúria dos
lagartenses que partiram pra cima do bandeirinha Renisson Nunes, o qual levou
um soco no rosto de um dos jogadores. Em seguida, iniciou uma confusão generalizada.
Enquanto era contido por seus colegas de equipe, Hamilton, do lagartense, foi agredido
por um dos policiais da partida. O presidente Daniel Lino saiu em socorro ao
seu atleta, mas no caminho foi agredido com tapas e socos, e ao tentar se livrar
das agressões, tropeçou no cão policial que o mordeu, além de ter sido chutado,
logo em seguida, pelo policial que conduzia o animal. Sobraram até para os repórteres
fotográficos Jorge Henrique, do Jornal da Cidade, e Edinah Mary, da Gazeta de
Sergipe, os quais foram empurrados e impedidos de documentar as agressões.
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(Foto: Edinah Mary) |
Nesse momento, havia tudo que é tipo de gente dentro do
gramado do João Hora. O presidente do Lagartense e seu então técnico Maurício
Simões reuniram os jogadores no meio-de-campo e ameaçaram a tirar o time do
jogo e do campeonato. A torcida assistia impaciente ao grande circo que havia
se tornado a final do turno, até que passaram a deixar o estádio. Porém, os
jogadores do Lagartense, como Gilberto e o capitão Marcelo Rocha, assumiram o compromisso de retornar a partida,
em oposição a vontade do presidente do clube. O jogo finalmente reiniciou, mas
antes, o juiz Antônio Hora Filho expulsou os laterais Hamilton e Júnior pelas
agressões ao árbitro assistente. Com a bola rolando, o Sergipe passou a trocar
passes em campo, enquanto o Lagartense com 2 jogadores a menos não esboçava
reação. Ao passar do tempo, o juiz finalizou a partida e os colorados
finalmente puderam levantar a taça e dar a volta olímpica no João Hora.
Fontes: A Gazeta de Sergipe,
edições de 30/07 e 01/08 de 2000.
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