segunda-feira, 30 de julho de 2018

Em uma final repleta de cenas lamentáveis, com direito a presidente mordido por cão policial, o Sergipe conquistou o 2º Turno do Sergipano de 2000.



            No dia 30 de julho de 2000, Sergipe e Lagartense se enfrentaram em busca da Taça Estado de Sergipe, equivalente ao 2º turno do estadual daquele ano. As duas equipes haviam empatado por 0 a 0 na primeira partida ocorrida na cidade de Lagarto. O vencedor não só garantiria uma vaga na grande decisão do Campeonato Sergipano, como também levaria vantagem na finalíssima.

Aílton marcou o polêmico gol para o Sergipe (Foto: Edinah Mary)
Por Davi Tenório


           
A diretoria rubra havia instigado a massa colorada com ingressos com preços reduzidos, com apenas R$2,00 o torcedor rubro garantia seu lugar no João Hora, algo inimaginável nos dias atuais em que o futebol se tornou uma “brincadeira cara”. Além disso, a torcida do Lagartense prometia invadir o Batistão com onze ônibus saindo do interior rumo ao Mundão do Siqueira. Tudo indicava um grande espetáculo para aquela tarde de domingo.



            O jogo começou com os rubros jogando a todo o vapor, logo aos 7 minutos, Sidney abriu o placar para o Vermelhinho, o qual passou a dominar o restante da partida, exceto por algumas investidas do Lagartense, que não foram capazes para estufar as redes defendidas pelo goleiro Aloísio. Era questão de tempo para o segundo gol do Sergipe, até que aos 32 minutos da etapa complementar, Nilson foi lançado em profundidade, enquanto a zaga do Lagartense parou pedindo impedimento, e finalizou para a defesa do goleiro Gilberto, mas no rebote Ailton chutou para o gol colorado.

(Foto: Edinah Mary)

            A partir daí iniciou um grande tumulto em campo. Incoformados, os jogadores do Lagartense alegaram que a bola não havia entrado no gol (as imagens da TV haviam provado que a bola havia entrado, antes do goleiro Gilberto de forma desesperada ter a tirado de dentro da meta), assim como apontaram impedimentos no lance da finalização de Nilson e no chute Aílton. Mesmo assim, o árbitro Antônio Hora Filho confirmou o gol do Sergipe, para a fúria dos lagartenses que partiram pra cima do bandeirinha Renisson Nunes, o qual levou um soco no rosto de um dos jogadores. Em seguida, iniciou uma confusão generalizada. Enquanto era contido por seus colegas de equipe, Hamilton, do lagartense, foi agredido por um dos policiais da partida. O presidente Daniel Lino saiu em socorro ao seu atleta, mas no caminho foi agredido com tapas e socos, e ao tentar se livrar das agressões, tropeçou no cão policial que o mordeu, além de ter sido chutado, logo em seguida, pelo policial que conduzia o animal. Sobraram até para os repórteres fotográficos Jorge Henrique, do Jornal da Cidade, e Edinah Mary, da Gazeta de Sergipe, os quais foram empurrados e impedidos de documentar as agressões.

(Foto: Edinah Mary)

            Nesse momento, havia tudo que é tipo de gente dentro do gramado do João Hora. O presidente do Lagartense e seu então técnico Maurício Simões reuniram os jogadores no meio-de-campo e ameaçaram a tirar o time do jogo e do campeonato. A torcida assistia impaciente ao grande circo que havia se tornado a final do turno, até que passaram a deixar o estádio. Porém, os jogadores do Lagartense, como Gilberto e o capitão Marcelo Rocha,  assumiram o compromisso de retornar a partida, em oposição a vontade do presidente do clube. O jogo finalmente reiniciou, mas antes, o juiz Antônio Hora Filho expulsou os laterais Hamilton e Júnior pelas agressões ao árbitro assistente. Com a bola rolando, o Sergipe passou a trocar passes em campo, enquanto o Lagartense com 2 jogadores a menos não esboçava reação. Ao passar do tempo, o juiz finalizou a partida e os colorados finalmente puderam levantar a taça e dar a volta olímpica no João Hora. 





Fontes: A Gazeta de Sergipe, edições de 30/07 e 01/08 de 2000.

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