Hoje
é sábado. Deveria estar na arquibancada gritando cantos de motivação e paixão
ou num silencioso apreensivo a contar os segundos para o apito final de um jogo
do Sergipe. Mas estou eu aqui diante da tela de meu notebook a teclar estas
palavras melancólicas.
Caiu
uma baita chuva nessa tarde de junho aracajuana – nada espantoso, diga-se. Isso
não seria motivo para deixar de ir ao Batistão. Levei alguns pingos de chuva
nesta temporada, principalmente na Série D – em alguns outros jogos do estadual
também, se não me falha a memória. Haveria a proteção da marquise das
arquibancadas do meio do estádio para quem se importa ou se um dilúvio
precipitasse em nossas cabeças.
Como
havia dito, estou em casa. Não estou no Batistão. Tampouco há jogo do Sergipe
hoje. Aliás, até o ano que vem não haverá jogo do Gipão. Espantoso? Sempre o é,
por mais que o filme venha se repetindo nos últimos anos – seria alguma espécie
de maldição? Uma tragédia rubra.
Da
glória à frustração. Após um título memorável – e não menos improvável –, a
ânsia pelo acesso de divisão era justificada. Estávamos todos muito confiantes,
ainda que uma breve turbulência, às vésperas da competição, houvesse causado
certo lampejo de incredulidade em um torcedor ou outro. Mas o Sergipe não é
para principiantes: o cidadão rubro é calejado; fez-se, faz-se, fazer-se-á
moldado por todas as nuanças entre a glória e a tragédia. Ser torcedor do Sergipe
tem um quê de classicismo, o que nos dá uma intensidade digna de um personagem
de Sófocles ou de Eurípedes, só para citar alguns. De um gol aos 47 minutos do
segundo tempo a uma eliminação em casa, as arquibancadas do Batistão presenciaram
todo o sentimento do mundo num espaço de mais ou menos um mês. Após o último
jogo, no sábado anterior, recusei-me bater nas teclas deste teclado. Preferi me
dirigir a um bar a fim de beber a amargura do resultado, enquanto tentava desvelar
os erros que percebi. A ressaca no outro dia foi homérica.
Enfim,
cá estou eu vestido em uma camisa rubra – uma branca, para ser mais fiel aos
fatos – lamentando a campanha do meu time e o fato de não poder ir mais
apoiá-lo nas arquibancadas. Tudo isso enquanto acontece jogos da copa do mundo.
Mas, afinal, o que é a copa do mundo diante do time do meu coração?
Nenhum comentário:
Postar um comentário