domingo, 31 de março de 2019

Relembrar para não repetir: Golpe Militar perseguiu colorados em Sergipe

Título de Sócio-Proprietário do Sergipe de Pedro Hilário dos Santos. Datado de 1963. ((Foto Aline Passos/Facebook/Reprodução))
                                                                                                            Por Milton Filho

 Há 55 anos atrás um golpe de estado manchava a história do Brasil. Com ele, trouxe um regime que perdurou por mais de duas décadas com perseguições na vida política, social e esportiva do estado de Sergipe. Acontece que como já está explícito nos versos de seu hino, o Club Sportivo Sergipe sempre esteve no esporte, na história, nas pelejas de terra e mar. Não somente no futebol e no remo, mas também com a coragem de torcedores que mostraram o nosso orgulho perante o Brasil.


 Pedro Hilário dos Santos foi um dos combatentes da FEB - Força Expedicionária Brasileira - que lutou contra o fascismo de Benito Mussolini na Itália na Segunda Guerra Mundial. Sergipano e colorado, tornou-se ferroviário enquanto o país vivia sua era democrática no pós-guerra. Cerca de doze anos depois do Golpe Militar de 1964, o Exército Brasileiro investiu numa ofensiva contra aqueles que lutam contra a Ditadura na Operação Cajueiro, em 1976. A operação que se deu na época do carnaval, prendeu e torturou pessoas que atuavam no desporto sergipano, como é o caso de Wellington Mangueira, preso na sede do Cotinguiba. Pedro que tinha um título de sócio-proprietário do Sergipe, desde 1963, não fugiu da investida da repressão. Pelo contrário, deixou-se ser pego na companhia ferroviária em que trabalhava para que outros companheiros seus tivessem a chance de fugir das torturas que a Operação Cajueiro aplicou aos sergipanos que se opunham ao regime vigente.

Robério enquanto presidente da FSD. Após o Golpe de 1964, só retornou a vida esportiva em 1967 como presidente do Sergipe.

 Pedro faleceu em 1978, dois anos após a operação. Não diferente dele, outro colorado também foi perseguido pelos militares. Robério Garcia, que na década de 1960 ajeitara o futebol sergipano enquanto presidia a FSD, era simpático aos ideais socialistas. E tal como o governador da época, Seixas Dória, foi retirado do seu cargo por conta do Golpe. Por sua vez, ele ainda chegou a voltar ao futebol sergipano, quando presidiu o Sergipe em 1967, mas o futebol sergipano que a época de sua gestão estava tomando novos rumos, nunca mais foi o mesmo.

Pedro Hilário nos tempos da FEB, em que lutou contra o fascismo na Itália. No Brasil, era sócio do Sergipe e tornou a lutar contra mais uma ditadura. (Foto Aline Passos/Facebook/Reprodução)


 Hoje, 31 de março de 2019, nada mais justo que rememorar os colorados que figuraram nas fileiras em prol de um país democrático. Pois tanto Pedro, quanto Robério, souberam demonstrar nos tempos mais obscuros do país e do mundo que o Sergipe sempre foi o bravo clube dos filhos do Norte.

Torcedores rubros em homenagem a Robério Garcia em jogo de 1962.

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