Por Gustavo Tenório
Mais um ano e nada
muda: campeonato sergipano em seu revezamento de sucesso e de tragédia (desta
vez, uma tragédia anunciada); copa do nordeste com uma única vitória em meio a
um sem fim de derrotas vexatórias; copa do Brasil e a eliminação relâmpago de sempre;
e a velha ilusão de um acesso no campeonato brasileiro da série D, em que
sequer passamos da primeira fase. Já viu esse filme? Eu já. A torcida rubra
também já. Ano após ano, uma sina insistente, interminável: a estagnação na
inferioridade.
(Foto: Wendell Rezende/Mandacaru) |
Ah, o cruel destino de
ser colorado nos tempos de hoje! Olhamos para os nossos vizinhos e vemos aquele
velho conhecido de série D, o CSA, na elite do futebol brasileiro. Um time que
chegou ao mais fundo do poço, a segundona do campeonato alagoano, mas que ousou
voar ao ponto mais alto do futebol nacional. Ainda em Alagoas, o CRB e sua
assiduidade na série B do brasileiro. Não se esqueça do ASA de Arapiraca, que
também frequentou, com certa frequência, a segunda divisão nacional. Não parece
ser uma realidade tão inalcançável, à primeira vista. Nas ruas de Maceió, é
comum ver inúmeros cidadãos trajando os uniformes de CSA e de CRB. Vez ou
outra, em uma viagem de UBER, uma bandeirinha de um dos clubes a ornar o carro.
É bem comum. É uma constante. Também temos torcedores apaixonados e orgulhosos.
Ainda que esse orgulho seja teimoso.
Um olhar mais atento
para a história do Club Sportivo Sergipe deixa o torcedor consternado com o
presente da instituição. Um Club que tinha o poder de cativar e de agregar
cidadãos de todo o estado em sua sede, nos estádios e na boca do povo, hoje
amarga um público minguado nas arquibancadas e nos eventos no João Hora. É uma
crônica amargurada, em clima de velório, meu caro torcedor. Mas como não sê-la
neste fatídico junho de 2019? A propósito, neste ano em que o Sergipe completa
seus 110 anos de lutas, de glórias e de frustrações também!?
O segundo semestre já
se anunciou com uma novidade um tanto quanto inusitada: o Club participará da
série B do campeonato sergipano. Sim, amigos colorados: da segundona do
estadual. Ao que parece, com um time alternativo, com jogadores da base, do
sub-23. Sendo frio, realista e, inconsequentemente, otimista, poderá ser uma
boa experiência para os jovens atletas que, provavelmente, formarão a base da
equipe para a temporada do ano que virá. Chegamos ao ponto de esta situação ser
crível como razoável. Não digo ideal, nem maravilhosa. Mas razoável.
Simplesmente.
No entanto, esse
cenário não é exclusivo do Sergipe. Também a Associação Olímpica de Itabaiana
terá uma equipe disputando a segundona do sergipano – até o rabisco desse
texto, a Olímpica possui claras chances de classificação para a próxima fase do
campeonato brasileiro da série D, enquanto já nos despedimos da competição com
uma melancólica derrota para o Coruripe (mais um alagoano!) em pleno Batistão.
Nada glorioso, diga-se, ter esse rival na mesma situação. Mas a realidade do
futebol sergipano, de um modo geral, levou-nos a esse (des)encontro inusitado.
Nem mesmo o nosso maior rival, ainda que não tenha chegado a esse ponto,
encontra-se em posição favorável. Também suas arquibancadas se mostram vazias e
suas campanhas não conseguem louros mais gloriosos. Mas a permanência na série
C do brasileiro lhes dão uma posição menos trágica.
Futebol – hoje mais do
que nunca, em razão de sua mercantilização – precisa de torcedores. O torcedor
fica entre consumidor e apaixonado – a expressão se dá por ausência de outra
mais precisa, ou ideal. Mas que não seja um consumista cego e que supere uma
paixão cega e conformada. O Sergipe e os times sergipanos precisam deixar de
ser coisa folclórica e pitoresca: dizer que torce para um time por apenas dizer
que possui um time em sua terra natal. E nada mais. É realmente triste ver
bares assiduamente lotados e barulhentos em razão dos times do Rio de Janeiro e
de São Paulo em Aracaju, enquanto o Batistão, cuja capacidade é entre catorze e
quinze mil torcedores, sofre para botar 2 mil torcedores em jogos do Sergipe ou
do Confiança – ainda que em prélios clássicos o número salte para sete, oito,
nove mil torcedores.
Como fazer o Sergipe
interessante e atrativo? Como trazer de volta a torcida para o João Hora e para
o Batistão? Por que não tratar o Sergipe como uma instituição coesa e sólida,
ao invés de um patrimônio “privado”? Estes são os desafios da nova diretoria,
que se promete moderna, profissional e diferente. Que o sonho dos jovens de
1909 não demore a se tornar realidade.
Parabéns Gustavo só falou verdades 👏🏾 👏🏾 👏🏾 👏🏾 👏🏾
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