quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A Epopeia Rubra continua: 110 anos de Club Sportivo Sergipe


Das águas que banham a cidade aos campos que cativam o estado, um gigante atravessa o tempo presente nos mais variados cenários da nossa história. Como um ancião que preserva os contos da vida de um povo ou um jovem que se atreve a se aventurar pela longa trilha a sua frente, o Club Sportivo Sergipe chega aos seus 110 anos como um glorioso patrimônio da nossa gente, mas com a necessidade de mais uma vez se reinventar. 
Por Davi Tenório 


Foto obtida do Acervo do ex-jogador Delmar

Houve um tempo em que não se havia tempo para bobagens como o “sport”. Para grande parcela da população (até hoje) era preciso desde cedo trabalhar. Foi justamente nesse cenário do início do século passado que o nosso Club foi fundado, por jovens rapazes de famílias ligadas ao comércio da cidade. No entanto, o Sergipe transcendeu a esse fato. A adoção do futebol geraria uma das maiores revoluções na história do clube e no cotidiano da cidade.


Os jovens remadores do Club Sportivo Sergipe no ano de 1913 (Hemeroteca Digital da BN)
A inevitável virada na conjuntura do clube passou pelos pés e pela cabeça de um humilde contínuo (“office-boy” nos dias atuais), negro, chamado Roque. O rapaz que diferia dos demais moços esportistas da época aproveitava o tempo fora do trabalho para se tornar o autor do primeiro gol, o responsável pela primeira êxtase no instante em que pela primeira vez a bola balançou as redes em nossa cidade. Há mais de cem anos, o nosso primeiro ídolo mostrou o que realmente era ser Club Sportivo Sergipe.

Uma das primeiras formações do time de futebol do Sergipe. Ao centro o primeiro ídolo do clube: Alfredo ROQUE Coutinho. (Revista Fon Fon ed. 29 do ano de 1917)
O talento e a garra de Roque fez nascer o clube do povo. Nos gramados passaram a jogar inúmeros filhos da terra que aumentavam a representatividade do clube diante dos adversários que importavam levas de jogadores de outros estados. Desses locais também chegavam fortes equipes para duelos que imortalizaram o clube rubro como o “Derrubador de Campeões”. Por outro lado, o Sergipe também estava aberto para receber e bem tratar aqueles que vinham criar laços em nossa terra. Prova disso é que somos o primeiro clube a ter um estrangeiro em seu elenco, assim como o primeiro e único a disputar jogos internacionais.
Não havia mais nenhum espaço no Batistão no dia 5 de fevereiro de 1983. Recorde de Público jamais superado. Um empate sem gols diante do São Paulo pelo Brasileirão e muito mais de 35mil torcedores no estádio. (Jornal da Cidade)

Fora de campo, a sua antiga sede na Rua da Frente acolhia sem distinção sergipanos que transitavam na mais importante via da cidade, seja para compor seu quadro de sócios, seja para se juntar aos bailes da festa mais genuinamente brasileira dos carnavais de fevereiro. Até mesmo nos momentos mais penosos, esses fiéis torcedores se fizeram presentes, construíram tijolo por tijolo uma nova casa que até hoje é o reduto de afeiçoados colorados que não se cansam de apoiar o seu velho clube.

Baile de carnaval na antiga sede do Mais Querido na Rua da Frente (Jornal Gazeta de Sergipe)

É bem verdade que esse gigante anda adormecido. Todavia, há em suas páginas e na memória da sua apaixonada torcida a fórmula que o fez protagonista do esporte sergipano. Que venham mais 110 anos de epopeia rubra!

João Hora lotado no primeiro jogo noturno de sua história (Facebook oficial do clube)

 

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