domingo, 10 de maio de 2020

ÍDOLOS DO PASSADO: DELMAR

Como forma de resgatar os feitos rubros do passado e aproximar a memória de quem tanto fez pelo clube com o presente, inauguramos a sessão de entrevistas com personagens fundamentais para a História do Mais Querido. Iniciamos a série de entrevistas com o craque Delmar. Nascido em Aracaju no dia 9 de agosto de 1934, aos 85 anos e em ótima forma, o nosso ídolo relembra a grande conquista da Taça Dinho Melo, o futebol da sua época e como era ser um ala ofensivo nos anos 1960, algo então inovador.


Um grande escrete colorado do início da década de 1960. Em pé: Brasilino, Delmar, Gilton, Edgar, Jorge e Madureira. Agachados: Nilson Barros, Jorgival, Luiz Manuel, Niltinho e Bel.

AG - Como começou a carreira futebolística? 
Delmar - Eu jogava bola na Baixa Fria, onde hoje é o IFS, tud oali era campo. Um dia, no ano de1957, um jogador e observador de talentos chamado Naldo me viu jogar e me levou para o Olímpico,o Leão da Caserna. Lá, fui treinado pelo Wellington Elias, o diabinho, que me colocou como extremo esquerda, mesmo sendo destro. Na estreia fiz um gol contra o Vasco. Em seguida, Wellington se afastou da vida de técnico,assumindo o lugar o João Gomes que me colocou como zagueiro direito, hoje em dia ala. 


AG - Como foi ser pioneiro na sua posição de ala? 
Delmar - Levei muito carão dos treinadores. Na época, o patrono Gen.Djenal, do Olímpico, ficava na arquibancada gritando toda vez que eu subia: "Gomes,diga para aquele mocinho para não subir não!", e eu respondia: "Gomes, diga a ele que bote outro no meu lugar que eu só sei jogar assim". Porque eu achava melhor, você está com a bola, passou pro meia e corre pra receber de volta. Melhor do que dar a bola e voltar, sendo que ele ainda vai procurar alguém próximo para passara bola. Teve um jogo contra um time baiano que fiz dois gols, um de penalti e outro em lance normal. Eu estava na grande área, olha onde eu estava!

AG - Como foi sua ida ao Sergipe?  
Delmar - O Sergipe faria um amistoso contra o Ypiranga-BA e pegou emprestado dois jogadores do Olímpico: o centroavante Luis Manoel e eu. Jogamos essa partida e o resultado é que não voltamos mais. Houve uma confusão entre as duas diretorias, só sei que eu fiquei de vez.

O craque Delmar com o manto colorado no início dos anos 1960.
AG - Qual foi o momento mais marcante pelo clube? 
Delmar - Tive a honra de ter sido campeão sergipano de 1961 e ter conquistado a Taça Dinho Melo.

AG - Qual é a importância da Taça Dinho Melo?  
Delmar - A Dinho Melo era uma taça disputada desde os anos 1940, o primeiro clube a ser tricampeão consecutivo ou conquistar 5 títulos alternados a levaria pra casa. Em 1962, o Sergipe e o Confiança decidiriam quem ficaria com a taça na final do campeonato. A decisão foi no Sabino lotado. Hoje em dia falam em jogar "em casa", não existe isso. Tanto faz jogar aqui ou na lua, continua sendo um campo. Né a toa que bati o pênalti (o gol de empate rubro) na maior tranquilidade, era apenas mais um jogo. No final, o Tomás fez o gol da vitória de virada, de cabeça, após cobrança de escanteio.

AG - Dos amistosos interestaduais, o que mais te marcou?
Delmar - Com certeza fazer um gol no Manga do Botafogo, o melhor goleiro do mundo. Mesmo com a derrota de 2 a 1 para eles.

AG - Qual foi o melhor jogador sergipano da sue época? 
Delmar - Lia, jogou no Vasco, Cotinguiba e no Vitória-BA. Ele foi seleção brasileira quando a seleção baiana representou o Brasil em um jogo. Era um grande meia-esquerda, havia partidas que ele não dava um passe errado.

AG - E do Sergipe?
Delmar - Niltinho, meia-esquerda.Ainda é vivo, mora próximo ao Cotinguiba. É o único dos irmãos Barros ainda vivo, jogaram 5 irmãos pelo Sergipe (ele, Nilson,Nivaldo, Zé Alvino e Osvaldo). 

AG - O que motivou sua saída do Sergipe e a aposentadoria dos gramados?
Delmar - Fiquei no Sergipe até 1964, quando fomos emprestados. Pois, eu e mais cinco jogadores pedimos um aumento, mas não quiseram dar. O dirigente do Penedense nos levou por empréstimo. Eu ganhei uma licença prêmio do trabalho, eu era funcionário da Prefeitura antes mesmo de ser jogador, e topei ir para Penedo por 6 meses. Quando voltei, em1965, recebi uma proposta de emprego em São Paulo e decidi pendurar as chuteiras. Daí em diante, passei a ir ao campo apenas para ficar nas arquibancadas.

Delmar no dia em que nos concedeu esta entrevista com muito bom humor e receptividade. Agradecemos por nos compartilhar grandes histórias sobre o futebol sergipano e o nosso Club Sportivo Sergipe. Salve Delmar, lenda colorada!


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