segunda-feira, 18 de maio de 2020

ÍDOLOS DO PASSADO: ELENILSON

Dando sequência à sessão de entrevistas com personagens fundamentais para a História do Mais Querido, o Almanaque do Gipão bateu um papo com Elenilson, um dos maiores meias do futebol sergipano, detentor de um currículo invejável: 9 títulos sergipanos na carreira, sendo 5 como jogador. O nosso ídolo, filho do grande desportista e ex-jogador do Sergipe Oswaldo Alemão, relembra seus dias no Mundão do João Hora, as conquistas do hexacampeonato e a difícil carreira de treinador. 

Elenilson ergue a Taça de Campeão Sergipano de 1991 no meio da massa colorada (Foto: Gazeta de Sergipe)

AG - Como iniciou sua vida nos gramados?
Elenilson - Como todo garoto que sonha em ser jogador profissional, comecei numa escolinha chamada 21 de Abril do saudoso Major Naldo. Posteriormente, joguei nas categorias de base do Cotinguiba com o prof. Hélio Pacheco. No ano seguinte houve uma troca entre 2 jogadores dos amadores do Cotinguiba e do Sergipe, sendo levado por este último.

AG - E como foi o início no Sergipe?
Elenilson - Eu passei a ser jogador profissional do Sergipe no ano de 1987, quando houve a Copa Governador Valadares. Naquele ano, o Sergipe não fez uma boa campanha, não se classificou pra fase final do Sergipano. Então, o presidente da época, Motinha, quis privilegiar os garotos da base. Na ocasião, fomos campeões da competição e, assim, iniciamos a nossa carreira.

AG - Qual foi a importância do Geraldão na sua formação?
Elenilson - Falar sobre Geraldão é muito fácil. Na verdade, ele era referência para todos nós, passou vários ensinamentos para termos sucesso no futuro como disciplina e dedicação. Era um abnegado do clube. Inclusive, sempre tirava dinheiro do bolso para dar passagem aos jogadores que não tinham condições. Vivia o clube 24 horas e deixou um legado muito grande na formação dos garotoso que passaram por suas mãos. Eu particulamente levo até hoje a formação que tive em casa com meus pais e o Geraldo também contribuiu com essa formação que carrego até os dias de hoje. Era um profissional totalmente dedicado ao clube e ao trabalho que realizava. Vários atletas passaram pelas mãos dele: Sandoval, Baianinho, Henágio, Gena e outros. Nós temos uma boa lembrança da conduta do Geraldão. Agradeço a Deus por ter passado pelas mãos dele.

Elenilson e Denilson atentos aos conselhos do professor Geraldão (Foto: Gazeta de Sergipe)

AG - Qual foi o momento mais marcante da sua passagem pelo Sergipe?
Elenilson - Graças a Deus eu tive vários momentos: a Copa Valadares, o título de 91, a classificação contra o Náutico nos Aflitos pela Copa do Brasil, o jogo contra o Fluminense nas Laranjeiras e o jogo contra o São Paulo no Morumbi, também pela Copa do Brasil, onde fizemos uma grande apresentação. Mas, eu escolheria o sergipano de 91, um título praticamente perdido, o qual conseguimos reverter e assim iniciamos o tão falado hexacampeonato, que teve o comando do nosso professor e amigo Ribeiro Neto.

A arrancada para o Hexa: time do Sergipe campeão do estadual de 1991, Elenilson é o segundo agachado da direita pra esquerda. (Foto: Revista Placar)

AG - Conte-nos um pouco mais sobre o jogo contra o São Paulo.
Elenilson - Foram 2 jogos. O primeiro empatamos no Batistão em 1 a 1. Gilmar fez o gol deles e o Sandoval empatou pra gente. O jogo de volta no Morumbi foi um grande jogo, muito aberto. Foi lá e cá. O São Paulo fazia um gol e nós empatávamos. Dominamos em alguns momentos da partida. No entanto, nosso maior pecado foi levar os gols de bola parada. Infelizmente, não trouxemos a classificação, mas batemos de frente a um grande adversário. Representamos muito bem o nosso estado.
 
 
Assistência de Elenilson para o gol de Leniton sobre o São Paulo, jogo de volta da Copa do Brasil de 1993 ( 1 x 1 no Batistão e 4 x 3 para o tricolor paulista no Morumbi).


AG - Quais jogadores você se espelhava?
Elenilson - No futebol sergipano eu me espelhava em Paulinho, meia do Sergipe com muita movimentação, e o Luis Carlos Bossanova, um talento e uma técnica apurada, lançamentos precisos. Já a nível nacional, o meu maior ídolo, mesmo não sendo flamenguista, é o Zico.

AG - Como é a vida de treinador?
Elenilson - A vida de treinador é muito difícil, não há estabilidade e o imediatismo impera no futebol brasileiro. Quando é jogador você tem só a responsabilidade de entrar em campo e ganhar o jogo, você consegue resolver diretamente. Já o treinador não: você organiza sua equipe, passa suas ideias e vai depender que os atletas possam executar. Isso quando você pega uma equipe de qualidade técnica e de atletas responsáveis.Quando você treina equipes pequenas, ainda tem que se preocupar com a logística e falar com o atleta sobre o extracampo. Sem dúvidas a vida de treinador é mais difícil.

Elenilson com a Taça do Campeonato de 2016, o qual exerceu papel relevante auxiliando o técnico Clemer durante a campanha. Recentemente, Elenilson vinha desenvolvendo um trabalho fantástico pelo Murici-AL, liderando, inclusive, o campeonato alagoano até a paralisação devido á pandemia de Covid-19.

AG - Para finalizar, quantos títulos conquistados na carreira?
Elenilson - 5 sergipanos como jogador pelo Sergipe e 3 como auxiliar. Ganhei 1 sergipano como técnico do Pirambu, assim como 1 título da 2ª Divisão. Além da Copa Valadares.



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