Por Davi Tenório
A década de 1960 é considerada a era de ouro do futebol brasileiro. Os torcedores de todo o país apreciavam um novo futebol repleto de notas artísticas desde que a geração de Pelé e Garrincha conquistaram as Copas de 1958 e 1962 encantando o mundo. O futebol de fato passou a ser uma obra de arte, algo que também passava a ser apresentado em terras sergipanas após um longo período de declínio do esporte. Uma das figuras determinantes para tal revolução do futebol em Sergipe fora Robério Garcia, jornalista e desportista, que assumiu a Federação Sergipana de Desportos (FSD). Dentre seus grandes feitos, destacam-se as novas fórmulas e incentivos envolvendo o Campeonato Sergipano e, sobretudo, a profissionalização do futebol no Estado. Vale lembrar que antes, no regime amador, os jogadores não recebiam remuneração dos clubes. Sendo assim, aqueles que se destacavam logo eram contratados por clubes dos estados vizinhos que já haviam se profissionalizado.
Com as equipes
conseguindo manter seus craques, assim como atrair mais jovens atletas para a
prática do esporte, os torcedores passaram a ver seus clubes mais competitivos.
Não demorou para que Robério Garcia aproveitasse o momento para, com apoio dos
dirigentes dos clubes locais, organizar pequenos torneios e amistosos com
equipes de outros estados. Grandes equipes nacionais passaram pelos gramados do
antigo Estádio de Aracaju, mas o maior desejo de Robério era trazer a lendária
equipe do Santos, então campeã do mundo, e o astro maior, o Rei Pelé, para o
deleite dos torcedores sergipanos.
Após um ano e meio de
negociações, finalmente o Santos desembarcava em Aracaju para uma partida
diante dos melhores craques do futebol local com o manto da Seleção Sergipana.
Estima-se que 8 mil pessoas lotaram o Estádio de Aracaju, gerando uma renda de
5 milhões e 400 mil cruzeiros, o suficiente para pagar o “astronômico” cachê de
4 milhões de cruzeiros da equipe santista.
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Pelé e Robério Garcia (Gazeta de Sergipe). |
A torcida sergipana, que se
encantava com as famosas tabelinhas de Pelé com Coutinho, não demorou para vibrar
com um gol do Rei aos 13 minutos e outro aos 30. Era evidente o predomínio do
melhor time do mundo, mas os sergipanos conseguiram diminuir com Rivaldo aos
33, e até mesmo a marcarem um gol contra através do zagueiro Durval aos 40. Após
o intervalo, os sergipanos conseguiram conter o ímpeto do Santos e diminuir o
placar com o gol do ídolo rubro Tomás Cabecinha de Ouro.
A derrota por 3 a 2 foi
um motivo de grande honra para os sergipanos que puderam presenciar a nata do
futebol mundial liderada pelo maior artista que o esporte nos proporcionou.
Além disso, era a prova de que o futebol sergipano havia saído da penumbra e
que era capaz de apresentar grandes espetáculos.
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Página Esportiva do Folha Popular do dia 12 de janeiro de 1963 enaltecendo a grande partida. |
A Seleção Sergipana jogou
com: Roberto; João Carlos, Adilson e Durval; Didi e Brasilino; Percival, Luiz
Manoel (Tomás), Ismael, Dequinha e Rivaldo.
O Santos jogou com: Gilmar
(Laércio); Dalmo, Mauro (Olavo) e Hamilton; Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio,
Coutinho (Pagão), Pelé e Pepe.
Árbitro: Romualdo Arpi
Filho (SP)
Fontes: Folha Popular, 12.01.1963;
Folha de S. Paulo 10.01.1963;
A História do Futebol Sergipano de
Viana Filho.
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