terça-feira, 3 de janeiro de 2023

A PRIMEIRA VEZ DE PELÉ EM SERGIPE E A COROAÇÃO DO FUTEBOL PROFISSIONAL SERGIPANO

Por Davi Tenório

A década de 1960 é considerada a era de ouro do futebol brasileiro. Os torcedores de todo o país apreciavam um novo futebol repleto de notas artísticas desde que a geração de Pelé e Garrincha conquistaram as Copas de 1958 e 1962 encantando o mundo. O futebol de fato passou a ser uma obra de arte, algo que também passava a ser apresentado em terras sergipanas após um longo período de declínio do esporte. Uma das figuras determinantes para tal revolução do futebol em Sergipe fora Robério Garcia, jornalista e desportista, que assumiu a Federação Sergipana de Desportos (FSD). Dentre seus grandes feitos, destacam-se as novas fórmulas e incentivos envolvendo o Campeonato Sergipano e, sobretudo, a profissionalização do futebol no Estado. Vale lembrar que antes, no regime amador, os jogadores não recebiam remuneração dos clubes. Sendo assim, aqueles que se destacavam logo eram contratados por clubes dos estados vizinhos que já haviam se profissionalizado.

 

Da Esq. para a Dir.: Tomás Cabecinha de Ouro, criança com camisa do Santa Cruz de Estância, PELÉ e Luis Manoel.
Apesar da descrição na foto, a partida foi no antigo Estádio de Aracaju, já que o Batistão só foi construído no ano de 1969. 

Com as equipes conseguindo manter seus craques, assim como atrair mais jovens atletas para a prática do esporte, os torcedores passaram a ver seus clubes mais competitivos. Não demorou para que Robério Garcia aproveitasse o momento para, com apoio dos dirigentes dos clubes locais, organizar pequenos torneios e amistosos com equipes de outros estados. Grandes equipes nacionais passaram pelos gramados do antigo Estádio de Aracaju, mas o maior desejo de Robério era trazer a lendária equipe do Santos, então campeã do mundo, e o astro maior, o Rei Pelé, para o deleite dos torcedores sergipanos.

Após um ano e meio de negociações, finalmente o Santos desembarcava em Aracaju para uma partida diante dos melhores craques do futebol local com o manto da Seleção Sergipana. Estima-se que 8 mil pessoas lotaram o Estádio de Aracaju, gerando uma renda de 5 milhões e 400 mil cruzeiros, o suficiente para pagar o “astronômico” cachê de 4 milhões de cruzeiros da equipe santista.


Pelé e Robério Garcia (Gazeta de Sergipe).


A torcida sergipana, que se encantava com as famosas tabelinhas de Pelé com Coutinho, não demorou para vibrar com um gol do Rei aos 13 minutos e outro aos 30. Era evidente o predomínio do melhor time do mundo, mas os sergipanos conseguiram diminuir com Rivaldo aos 33, e até mesmo a marcarem um gol contra através do zagueiro Durval aos 40. Após o intervalo, os sergipanos conseguiram conter o ímpeto do Santos e diminuir o placar com o gol do ídolo rubro Tomás Cabecinha de Ouro.

A derrota por 3 a 2 foi um motivo de grande honra para os sergipanos que puderam presenciar a nata do futebol mundial liderada pelo maior artista que o esporte nos proporcionou. Além disso, era a prova de que o futebol sergipano havia saído da penumbra e que era capaz de apresentar grandes espetáculos.

Página Esportiva do Folha Popular do dia 12 de janeiro de 1963 enaltecendo a grande partida. 



A Seleção Sergipana jogou com: Roberto; João Carlos, Adilson e Durval; Didi e Brasilino; Percival, Luiz Manoel (Tomás), Ismael, Dequinha e Rivaldo.

O Santos jogou com: Gilmar (Laércio); Dalmo, Mauro (Olavo) e Hamilton; Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho (Pagão), Pelé e Pepe.

Árbitro: Romualdo Arpi Filho (SP)

Fontes: Folha Popular, 12.01.1963;

 Folha de S. Paulo 10.01.1963; 

A História do Futebol Sergipano de Viana Filho.

 

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