A incrível goleada de 8 a 4 diante do Vitória

Manchete do jornal Folha da Manhã um dia após o jogo.

                                                                                             Por Milton Filho.

 Muitas goleadas (recentes) marcaram a história do Club Sportivo Sergipe e a memória do torcedor colorado. Algumas delas porém, aconteceram muito antes do alcance que tem a memória dos rubros torcedores de longa data. Entre elas, um primoroso 8 a 4 em cima do Esporte Clube Vitória no ano de 1942. Numa excursão do time baiano ao estado sergipano, somente o Gipão foi capaz de vencê-los, justo no jogo da despedida.

 Dois anos antes, em 1940, o Vitória já havia visitado Aracaju tendo o convite do próprio Sergipe e da antiga LSEA (Liga Sergipana de Esportes Athleticos). Na ocasião, somente o colorado havia vencido os visitantes. Depois de um amargo 4 a 1, houve a revanche e desta vez o Gipão empreendeu um placar de 3 a 2 para lavar a alma.

 Já em 1942, a então FSD (Federação Sergipana de Desportos) por meio de seu dirigente Antônio Policiano Vasconcelos, convida novamente o time rubro-negro para uma excursão em terras sergipanas. Na estreia, venceram o Riachuelo (campeão sergipano do ano anterior) por 3 a 1. Dias depois, ficou no empate com o Cotinguiba em 4 a 4. E antes do jogo final, ainda aplicou outro 3 a 1, desta vez na equipe do Siqueira Campos.

Quadro colorado que abateu o Vitória por 8 a 4 em 1942. (Créditos: Jornal Sport Ilustrado (RJ))

 Com pompas de invicto, o Vitória foi ao encontro do Sergipe na partida de despedida, no campo do Adolpho Rollemberg, na precisa data de 22 de março. O time local porém, levava a campo a glória de campeão do Torneio Início do Campeonato Sergipano. A chuva de gols começou logo aos 10'. O artilheiro baiano Siri emendou um chute que abriu o placar pros visitantes. Em revés, oito minutos depois o quadro sergipano empeçou a reação. Numa falta próxima a área, Hamilton cobrou e deixou tudo igualado. O atleta chegou a balançar as redes do arqueiro Godim novamente, mas o gol foi anulado. Sem mais delongas, o Sergipe marcou outros dois gols com Renato, um de pênalti e outro com a pelota rolando. Já aos 44', Seu Deixa faz mais um e abriu a goleada. 4 a 1!

 A torrente de tentos rubros não cessou, e Renato voltou a marcar no primeiro minuto da etapa final. Os atletas do Leão da Barra esboçaram uma reação com Carmine que diminuiu e com Capi que chegou a aproximar mais um pouco o placar. Porém Renato não deu trégua e fez o 6 a 3. Siri também não deixa por menos e faz o quarto gol do elenco baiano. Dali em diante, só alegrias pro Sergipe, que com os gols de Galeão e Hamilton fechou a conta em 8 a 4, pondo assim, água no chope do Vitória, que até então invicto, levou para a Boa Terra uma notória goleada na bagagem.

O Sergipe recebeu das mãos do então Interventor Federal esta taça em alusão ao jogo. Exposta hoje no memorial do clube, no João Hora.

*Curiosidade: Durante o jogo houve uma briga entre o rubro-negro Celino e o colorado Renato. O árbitro da partida, Odilon Antenor de Araújo, que não fez uma boa arbitragem segundo a crítica, abandou a partida. Quem assumiu o apito foi o próprio presidente da FSD, Antônio Policiano.

 O Sergipe formou nesse jogo com: Acacio, Enoch e Carlos; Ararica, Dedeus e L. Hamilton; Chiquinho, Seu Deixa, Renato, Gineu e Doca. Enquanto o Vitória foi á campo com: Gondim, Celino e Bertinho; Valter, Piroca e Augusto; Nilo, Durval, Siri, Viana e Carmine. A renda, que bateu todos os recordes, foi estipulada em mais de 7;000$00 (Mil Réis).