Por Davi Tenório
9 anos, 9 meses e 16 dias. O martírio da torcida colorada não parecia acabar. 180 minutos que poderiam dar fim a uma das páginas mais angustiantes da história rubra. O clube mais tradicional do futebol sergipano enfrentava um longo jejum de títulos, o qual foi interrompido de forma dramática aos 45 minutos do segundo tempo pelos pés de Carlinhos.
O
torcedor colorado que acompanhou ao longo da década de 1990 a
conquista do hexa e as campanhas de destaque na Série B não poderia
imaginar o declínio do futebol sergipano e do clube mais tradicional
do estado na década seguinte. Infelizmente, o Sergipe não havia se
atualizado conforme o esporte mais popular do mundo ganhava novas
roupagens. Consequentemente, o alvirrubro realizou pífias campanhas
ao longo da década de 2000, as quais culminaram no longo jejum só
interrompido no ano de 2013.
Após conturbadas mudanças na direção do clube, o Sergipe iniciava o Campeonato Sergipano de 2013 longe de figurar entre os favoritos ao título. Vale lembrar que seus dois maiores rivais ostentavam maiores recursos financeiros e de planejamento para o estadual, já que ambos disputavam a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste daquele ano.
Com
um elenco pouco badalado, mas focado em seus objetivos, o Sergipe
conquistou a 1ª fase do campeonato, a Taça Governador do Estado,
que não contava com a equipe do Bairro Industrial nem o Tricolor da
Serra (justamente devido a vantagem que já possuíam de disputar as
principais competições mencionadas), e, consequentemente, a vaga
para a Copa do Brasil de 2014.
Uma
nova esperança reacendeu no Mundão do João Hora, mesmo com a
descrença de parte da torcida e da imprensa pelo êxito em uma fase
a qual os principais rivais não haviam disputado. Contrariando as
projeções iniciais, o Gipão venceu importantes clássicos e obteve
a classificação para as semifinais após realizar a melhor campanha
da 2ª fase.
Nas
semifinais, o Mais Querido "deu o troco" no Estanciano ao
vencer as duas partidas, garantindo a classificação para a decisão
do estadual diante do River Plate de Carmópolis. O Batistão voltava
a sonhar com o clube que mais o fez balançar.
A
primeira partida da grande decisão não foi a das mais emocionantes.
Cada time dominou uma etapa do jogo, mas o balançar das redes não
ocorreu. A aflição da massa colorada continuaria até o próximo
domingo, dia 26 de maio de 2013, em que o grito entalado na garganta
haveria de sair. Era questão de necessidade.
511
semanas. O Sergipe entrava em campo recepcionado por um belíssimo
espetáculo nas arquibancadas do Batistão. Era o dia que o torcedor
colorado finalmente pagaria as suas promessas. O juiz mal havia
apitado quando Fabinho Cambalhota lançou Lucão que abriu o placar
para os rubros. O Mais Querido dominava a partida, pressionando
intensamente o time de Carmópolis, até que aos 26 minutos
Cambalhota ampliou para o Sergipe. O placar manteve-se o mesmo até o
intervalo.
3577
dias. Restavam apenas 45 minutos, não haveria mais duras e sofridas
contagens. Até o torcedor mais cético colocava a sua faixa de
campeão cortando o peito. Todavia, estamos falando do Club Sportivo
Sergipe, a instituição centenária que testemunhou toda a história
esportiva em nosso estado, onde não há o mesmo glamour e incentivo
dos grandes centros nacionais. Do remo ao futebol, não houve uma
conquista sem que enfrentasse dificuldades.
Pois
bem, o River Plate voltou ao segundo tempo com outra postura, já aos
4 minutos diminuiu o marcador. E aos 32 minutos do segundo tempo, a
equipe de Carmópolis igualou a partida. O pesadelo rubro havia
retornado, a contagem parecia não ter mais fim.
46
minutos do 2º tempo. Não havia mais ânimo para uma disputa por
pênaltis. Também não haveria mais necessidade. Após uma tabela
entre Lucão e Almir Sergipe, o pé direito do lateral Carlinhos se
somou a de outros milhares de colorados no Batistão e nos rádinhos
espalhados por todo o Brasil. Voltávamos a acrescentar mais uma taça
na mais rica galeria de troféus do estado de Sergipe.
O Sergipe jogou com: Marcão, Carlinhos, Emerson, Itamar, Leo e David, Fernando Pilar, Rodrigo e Rafael, Fabinho Cambalhota e Lucão.
O
River jogou com: Pablo, Magno (Glauber), Bira, Marcio (Claudonei) e
Pedrinho, Raulino, Wallace, Lelê e Everton (Marcelinho), Bibi e
Leandro Kivel.
Público:
9.011 Renda: R$ 92.670.
Fontes:
http://globoesporte.globo.com/se/futebol/campeonato-sergipano/noticia/2013/05/com-gol-no-ultimo-minuto-sergipe-vence-o-river-plate-e-leva-titulo.html
http://www.infonet.com.br/noticias/esporte/ler.asp?id=144702
http://www.bolanaarea.com/estaduais_se_2013.htm
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